sexta-feira, 3 de junho de 2011

A vovó não quer mais saber de tricotar

Por: Nádia Pêrego


As mulheres vivem mais que os homens e muitas estão vencendo a barreira do tempo, do preconceito e recomeçando a vida depois dos 60.

O Censo de 2010, divulgado neste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que, embora nasçam mais homens no Brasil, as brasileiras vivem mais. Em 2010, as mulheres correspondiam a 51,2% da população e os homens, a 48,8%. A pesquisa também mostra que as
mulheres precisam de ajuda nas atividades diárias mais cedo: 39% das mulheres contra apenas 26% dos homens.

No entanto, algumas brasileiras estão driblando essa estatística com muito bom humor. Dona Cida, como é conhecida a Maria Aparecida Vieira da Costa no Grupo da Terceira Idade da cidade de Artur Nogueira, tem 90 anos e não perde um baile. Queridinha dos “free dancers” - dançarinos contratados para dançar com as damas da terceira idade - Dona Cida gosta de ser a primeira a chegar e a última a sair, para não perder nenhuma dança. E tudo isso sem abrir mão de um bom salto alto.

“As pessoas se espantam quando eu digo a minha idade e perguntam se tem algum segredo para tanta disposição. Acho que o segredo é fazer o que se gosta, sem se importar tanto com a opinião dos outros.”, ressalta.

Teruko Osuka, de 76 anos, não costuma sair para dançar, mas é a campeã de caraoquê na família. Na estante da sala estão expostos os vários troféus que já ganhou. Se alguém elogia e diz que são muitos, Teruko, em japonês, com uma palavra ou outra em português, explica que já faz tempo que está sem vencer e que precisa treinar mais. A competição de caraoquê é “coisa séria” para essa japonesa que, aos 25 anos, junto com o marido, cruzou o oceano e constituiu família no Brasil.

A filha de Teruko, Susana Ayako Osuka, explica que o caraoquê é uma atividade que a mãe gosta de fazer com as amigas, sem a presença da família. “Ela não gosta que a gente acompanhe as competições, diz que tem vergonha e que se atrapalha. Meu irmão e eu já fomos assisti-la escondidos, para não prejudicá-la na competição”, revela Susana.

Em contrapartida, o estudante de Publicidade, Flávio Borelli, explica que foi a vontade de conversar com os parentes distantes que levou a avó, com mais de 70 anos, a aprender a usar o computador. “Por ser mais prático, ela conversa com uma das minhas tias e com algumas sobrinhas, que moram em outro estado, utilizando o Messenger”. Barolli orgulha-se da evolução da avó: “No começo, ela sempre ligava para mim ou para outros primos, para tirar algumas dúvidas, hoje, já virou rotina, ela faz tudo sozinha”.


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