Na era da web 2.0 as revoluções culturais, sociais e políticas quebram a barreira institucional num diálogo intergeracional direto entre sociedade e governo.
Movimentos sociais organizados são uma constante em todos os períodos históricos e partes do mundo, temas como liberdade, saúde pública, igualdade, fraternidade, bem comum, direitos humanos, individuais, universais, expressão, simbolismo e transformação.
As formas de articulação são alteradas de geração em geração buscando ser vanguardista quanto aos temas e o modus operandi dos atos, passeatas, manifestos e intervenções. Cada época pinta sua “revolução” com suas cores, caras e cartazes.
Na busca do compartilhar, palavra base para qualquer movimento que se propõe eficaz, pois apenas através do compartilhamento de idéias e do vínculo afetivo entre as pessoas e os temas, se obtém significativos índices de envolvimento e comprometimento com a causa.
Vivemos numa época onde a internet é base de trabalho, estudo e relações, onde o domínio da máquina reside, não como as super máquinas pensadas nas ficções científicas de meados do século XX, mas sim nos micros, nets e notes que são instrumentos de trabalho e instrumentos de lazer no mesmo lugar.
Nesse contexto da web 2.0 as revoluções culturais, sociais e políticas são divulgadas, compartilhadas, tuitadas. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada no último dia 13 de junho, 71% dos jovens brasileiros considera a internet uma arma política. Sobre a pesquisa Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da república e âncora do polêmico documentário “Quebrando o tabu”, que trata da descriminalização das drogas, ele comenta que “a juventude se comunica diretamente, ela salta instituições”.
o Facebook e sites semelhantes são ferramentas para a construção de redes e, em termos de estrutura e caráter, são o oposto das hierarquias. Ao contrário das hierarquias, com suas regras e procedimentos, as redes não são controladas por uma autoridade central e única. As decisões são tomadas por consenso, e os vínculos que unem as pessoas ao grupo são frouxos.”
Os movimentos se articulam para derrubar essa hipótese do vínculo frouxo e os exemplos se espalham pelo mundo, a ocupação das Praças de Espanha, a derrubada do ditador no Egito (considerada por Gladwell como pouco eficaz na rede), o churrasco da gente diferenciada, a Marcha da Maconha e a mais expressiva movimentação em amplitude, pluralismo, multiculturalismo, transtemática e intergeracional: a Marcha da Liberdade.
Nascida do enfrentamento da Marcha da Maconha, esta enfim julgada e liberada pelo Supremo Tribunal Federal no último dia 15 de junho, a Marcha da Liberdade propõe um movimento pós estruturas; pós partido, pós rancor, pós ministérios, pós instituições. Na cidade de Campinas, o manifesto da Marcha da Liberdade inicia seu “Convite à liberdade” assim: “Não somos uma organização. Não somos um partido. Não somos virtuais. Somos REAIS. Uma REDE em MOVIMENTO feita por gente de carne e osso. Organizados de forma horizontal, autônoma, livre. Temos poucas certezas. Muitos questionamentos. E uma crença: de que a Liberdade é uma obra em eterna construção. Acreditamos que a liberdade de expressão seja a base de todas as outras: de credo, de assembléia, de posições políticas, de orientação sexual, de ir e vir. De resistir. Nossa liberdade é contra a ordem enquanto a ordem for contra a liberdade. “ e termina com uma pergunta: “Com que coração você vem à marcha?”
É nesse contexto de agregar os movimentos que a marcha se propõe nova, sendo nacional e respeitando as particularidades e demandas de cada cidade onde ela acontece. Marcelo das Histórias, griô aprendiz, ator e contador de histórias, integrante do Coletivo de organização da Marcha da Liberdade Campinas afirma que “A marcha da Liberdade de Campinas é mais que um ato. Ele agregou diversos movimento e redes.” “Pensamos em ampliar a questão da corrupção e Impeachment do doutor [Hélio de Oliveira Santos, prefeito de Campinas, que teve a esposa, seis secretários ou diretores de secretarias e mais 11 empresários envolvidos num esquema de fraude de licitações]. Queremos uma conselho popular para lidar com esta crise e iniciar um processo de uma democracia mais participativa, com ampliação dos meios de controle e fiscalização popular . Uma gestão compartilhada em todas as pastas”.
Movimento político, social, cultural, de transformação e processos. Articulados via web 2.0, marcado por hag tags do twitter, #MarchadaLiberdade, pelo Facebook @Marcha da Liberdade, pelas correntes de e-mails e levada as ruas, a confecção de cartazes, a intervenções, a produção audiovisual, a construção do vínculo afetivo. Para essa turma a revolução não será apenas tuitada, mas estará no top trending.
http://youtu.be/OYUWhvytmJY
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