quinta-feira, 16 de junho de 2011

Formas de mudar o mundo: das redes as ruas

Por Bruna Reis

Na era da web 2.0 as revoluções culturais, sociais e políticas quebram a barreira institucional num diálogo intergeracional direto entre sociedade e governo.


Movimentos sociais organizados são uma constante em todos os períodos históricos e partes do mundo, temas como liberdade, saúde pública, igualdade, fraternidade, bem comum, direitos humanos, individuais, universais, expressão, simbolismo e transformação.

As formas de articulação são alteradas de geração em geração buscando ser vanguardista quanto aos temas e o modus operandi dos atos, passeatas, manifestos e intervenções. Cada época pinta sua “revolução” com suas cores, caras e cartazes.

Na busca do compartilhar, palavra base para qualquer movimento que se propõe eficaz, pois apenas através do compartilhamento de idéias e do vínculo afetivo entre as pessoas e os temas, se obtém significativos índices de envolvimento e comprometimento com a causa.

Vivemos numa época onde a internet é base de trabalho, estudo e relações, onde o domínio da máquina reside, não como as super máquinas pensadas nas ficções científicas de meados do século XX, mas sim nos micros, nets e notes que são instrumentos de trabalho e instrumentos de lazer no mesmo lugar.

Nesse contexto da web 2.0 as revoluções culturais, sociais e políticas são divulgadas, compartilhadas, tuitadas. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada no último dia 13 de junho, 71% dos jovens brasileiros considera a internet uma arma política. Sobre a pesquisa Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da república e âncora do polêmico documentário “Quebrando o tabu”, que trata da descriminalização das drogas, ele comenta que “a juventude se comunica diretamente, ela salta instituições”.

Malcolm Gladwell, no artigo, “A Revolução não será tuitada” contesta esse potencial de arma política pela fraqueza dos vínculos que a rede www faz, “o Facebook e sites semelhantes são ferramentas para a construção de redes e, em termos de estrutura e caráter, são o oposto das hierarquias. Ao contrário das hierarquias, com suas regras e procedimentos, as redes não são controladas por uma autoridade central e única. As decisões são tomadas por consenso, e os vínculos que unem as pessoas ao grupo são frouxos.”

Os movimentos se articulam para derrubar essa hipótese do vínculo frouxo e os exemplos se espalham pelo mundo, a ocupação das Praças de Espanha, a derrubada do ditador no Egito (considerada por Gladwell como pouco eficaz na rede), o churrasco da gente diferenciada, a Marcha da Maconha e a mais expressiva movimentação em amplitude, pluralismo, multiculturalismo, transtemática e intergeracional: a Marcha da Liberdade.

Nascida do enfrentamento da Marcha da Maconha, esta enfim julgada e liberada pelo Supremo Tribunal Federal no último dia 15 de junho, a Marcha da Liberdade propõe um movimento pós estruturas; pós partido, pós rancor, pós ministérios, pós instituições. Na cidade de Campinas, o manifesto da Marcha da Liberdade inicia seu “Convite à liberdade” assim: “Não somos uma organização. Não somos um partido. Não somos virtuais. Somos REAIS. Uma REDE em MOVIMENTO feita por gente de carne e osso. Organizados de forma horizontal, autônoma, livre. Temos poucas certezas. Muitos questionamentos. E uma crença: de que a Liberdade é uma obra em eterna construção. Acreditamos que a liberdade de expressão seja a base de todas as outras: de credo, de assembléia, de posições políticas, de orientação sexual, de ir e vir. De resistir. Nossa liberdade é contra a ordem enquanto a ordem for contra a liberdade. “ e termina com uma pergunta: “Com que coração você vem à marcha?”

É nesse contexto de agregar os movimentos que a marcha se propõe nova, sendo nacional e respeitando as particularidades e demandas de cada cidade onde ela acontece. Marcelo das Histórias, griô aprendiz, ator e contador de histórias, integrante do Coletivo de organização da Marcha da Liberdade Campinas afirma que “A marcha da Liberdade de Campinas é mais que um ato. Ele agregou diversos movimento e redes.” “Pensamos em ampliar a questão da corrupção e Impeachment do doutor [Hélio de Oliveira Santos, prefeito de Campinas, que teve a esposa, seis secretários ou diretores de secretarias e mais 11 empresários envolvidos num esquema de fraude de licitações]. Queremos uma conselho popular para lidar com esta crise e iniciar um processo de uma democracia mais participativa, com ampliação dos meios de controle e fiscalização popular . Uma gestão compartilhada em todas as pastas”.

Movimento político, social, cultural, de transformação e processos. Articulados via web 2.0, marcado por hag tags do twitter, #MarchadaLiberdade, pelo Facebook @Marcha da Liberdade, pelas correntes de e-mails e levada as ruas, a confecção de cartazes, a intervenções, a produção audiovisual, a construção do vínculo afetivo. Para essa turma a revolução não será apenas tuitada, mas estará no top trending.

http://youtu.be/OYUWhvytmJY


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