quinta-feira, 9 de junho de 2011

Várzea Paulista inova com projeto social “Armazém da Cidadania”

Fabiano Andreane

Como diz o ditado popular: “não basta dar o peixe, tem que ensinar a pescar”. Essa foi a filosofia que a Secretaria de Cidadania e Assistência Social de Várzea Paulista utilizou ao ampliar o atendimento às famílias em vulnerabilidade social, evitando assim restringir às políticas assistencialistas e imediatas. O serviço prestado à população se aliou à participação popular.

Muitos projetos implantados nos últimos seis anos contribuíram para a consolidação dessa mudança e, devido a essa transformação, a Secretaria iniciou 2011 com um novo nome, passando a se chamar Secretaria de Cidadania e Desenvolvimento Social.

Esta nova forma de trabalho baseia-se em políticas de Desenvolvimento Comunitário e é um incentivo para que essas famílias assistida pelos programas se tornem protagonistas de suas próprias vidas e comunidade. Segundo a secretária de Cidadania e Desenvolvimento Social Giany Póvoa é uma forma de valorizar as habilidades desenvolvidas por cada pessoa. “Estamos dando um novo papel para a Assistência Social, oferecendo ferramentas para que as pessoas possam desenvolver suas atividades de forma independente, seja para gerar sua própria renda ou definir as melhorias necessárias em seu bairro”, explica.

Um dos eixos de atuação é a Economia Solidária, que agrega o Armazém da Cidadania. As famílias assistidas pela Prefeitura recebem ‘Saberes’, moeda social usada para a troca de alimentos, obtidos por meio da participação em atividades socioeducativas e de participação popular promovidas pelo poder público, uma ação pioneira no Brasil.

As dificuldades da vida fizeram com que Ediliane Silva Dotta procurasse ajuda no projeto. Casada, trabalhava para ajudar o marido nas despesas da casa. Mas um dia a vida pregou lhe uma peça: o marido e ela ficaram desempregados e começaram a passar necessidades. Mãe de quatro filhos, ela se via desesperada ao abrir o armário e não ter nenhum alimento para colocar na mesa. “O que mais me doía era quando meus filhos pediam um leite, um pão, uma bolacha e não tinha de onde tirar”, conta .

Há mais de 2 anos ela participa da Oficina da Beleza duas vezes por semana, e consegue juntar cerca de 55 “saberes” por mês. Com a moeda social ela diz nunca mais ter passado necessidades. “É uma oportunidade única recebida deste pessoal, aqui a gente trabalha pra ganhar. Agora em casa tem tudo: leite, macarrão, arroz, feijão, tem tudo”.

Hoje, a cidade possui três Armazéns da Cidadania, que funcionam nos Centros de Assistência Social (CRAS) e são espaços semelhantes a um mercado. Neles são oferecidos todos os produtos de uma cesta básica, verduras e legumes frescos.

Em Várzea Paulista, muitas pessoas em situação de vulnerabilidade social e que tinham dificuldade de ingressar no mercado de trabalho encontraram apoio neste projeto, participando das Feiras de Trocas e das Cooperativas, que já são quatro no município.

Todo este trabalho consiste em um novo sistema econômico regido pelos valores de autogestão, democracia, cooperação, respeito à natureza, promoção da dignidade e valorização do trabalho humano, sendo uma estratégia de enfrentamento da exclusão social sustentada em formas coletivas de geração de trabalho e renda.

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