quinta-feira, 26 de maio de 2011

Unidade de Urgência e Emergência da Unicamp prioriza atendimentos de casos de maior complexidade

Fabiano Andreane

O Pronto Socorro do Hospital de Clínicas da Unicamp (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vai deixar de atender casos diagnosticados como simples, como hipertensão arterial e gripe.

A proposta, que foi amplamente discutida com a comunidade interna da universidade, a Diretoria Regional de Saúde (DRS-7), ligada à Secretaria de Estado da Saúde e a Prefeitura de Campinas, prevê, entre outras medidas, a reorganização do atendimento, que passará dar prioridade aos casos de maior complexidade.

Dados estatísticos do hospital apontam que 50% dos 350 atendimentos diários são de pacientes que não deveriam ser atendidos na unidade.

Outra meta do plano é reduzir o déficit mensal do setor, já que o repasse contratual com o SUS para esses serviços é de cerca de R$ 400 mil/mês. As propostas prevêem uma série de reformas - em andamento desde 2009 - com o objetivo melhorar o atendimento de pacientes graves referenciados.

Segundo o superintendente do HC da Unicamp, Manoel Barros Bértolo, o objetivo é que as mudanças preservem o papel do hospital no sistema regionalizado e hierarquizado, instituído pelo Ministério da Saúde. “Um hospital universitário tem que ser um espaço de atendimento especializado, bem como de pesquisa, ensino, residência e pós-graduação”, explica. Ele ainda ressalta que o prejuízo na qualidade de atendimento é, em parte, causado pelo grande número de atendimentos que o hospital realiza.

Luzia costuma ir até o Pronto Socorro sempre que está com dor de cabeça, mal estar, diabetes alta e dores nas costas. Ela diz frequentar a unidade por confiar nos profissionais. “Aqui fica perto de casa e quando chego sou bem atendida. Sempre fico bem, além de receber um atendimento rápido”. Mas, casos como de dona Luzia acaba atrapalhando os atendimentos diagnosticados como complexos.

Bértolo diz que boa parte desse atendimento resulta da demanda espontânea de pacientes que, em muitos casos, segundo ele, deveriam ser atendidos em unidades de nível secundário ou primário da rede pública. Para ele, trata-se de uma distorção não somente cultural que se consolidou no decorrer de anos em razão da falta de informação sobre o princípio de hierarquização que rege o sistema de saúde.

Para priorizar o atendimento a Unidade de Urgência e Emergência implantou um sistema de triagem. Ao chegarem no pronto socorro, os pacientes são atendidos por enfermeiros. A partir das informações levantadas o profissional analisa e faz a indicação do local que a pessoa deverá ser atendida.

As mudanças serão feitas de forma gradual. Neste mês, a unidade deixou de atender os casos classificados como "ficha azul", como dores de cabeça. Já a partir de junho, serão os atendimentos classificados como "ficha verde", considerados simples-moderados, que não serão mais feitos no HC.

A readequação do atendimento, segundo o coordenador do UER, José Bortoto, permitirá corrigir essas distorções, fazendo com que o HC retome o seu papel de hospital terciário. Em médio prazo, diz Bortoto, o HC da Unicamp terá, com as mudanças, melhores condições de participar da regionalização, hierarquização da demanda e equidade no atendimento, cumprindo o papel esperado pela academia e pela população, na direção de um Sistema Único de Saúde melhor.

Outra vantagem, segundo o superintendente, será a ampliação no atendimento dos casos considerados estratégicos pelo SUS, como transplantes de órgãos, cirurgias de epilepsia, cirurgias ortopédicas, atendimentos oncológicos, cirurgias bariátricas, implantes cocleares, entre outros. Por serem considerados estratégicos e de alta complexidade, estes procedimentos contam com verbas extra teto garantidas pelo Ministério da Saúde, independente de sua quantidade.

A coordenadora municipal da Área de Urgência, Zilda Barbosa, informou que os postos de saúde estão orientando os pacientes não procurarem o HC da Unicamp em casos considerados simples. “Nós reforçamos as equipes das unidades vizinhas mais próximas para poder garantir essa retaguarda”, disse Zilda Barbosa.

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