sexta-feira, 20 de maio de 2011

Os chefes estão mais jovens

Por Du Paulino


Profissionais com menos de 40 anos já ocupam 6,5% dos cargos de executivos máximos nas empresas brasileiras. Há um ano eles não representavam mais que 3% dos altos executivos. Os dados são de pesquisa da Hay Group, consultoria global especializada em gestão de negócios. Outro estudo do mesmo grupo, que ouviu 5,6 mil jovens de até 30 anos – a chamada geração Y -, mostra que pelo menos 20% deles já têm um cargo de liderança. Os números ratificam tendência visível no mercado de trabalho do Século XXI: os chefes estão cada vez mais jovens.



O administrador de empresas Márcio Fernandes é um exemplo dessa tendência do mercado em optar por líderes jovens. Assumiu o seu primeiro cargo de gestão aos 26 anos e hoje, aos 36, já é diretor executivo administrativo da Elektro, uma das maiores distribuidoras de energia elétrica do país. A responsabilidade é tão extensa quanto o nome do seu cargo. Fernandes é responsável por uma equipe composta por cerca de 300profissionais, sendo 14 deles gerentes de setores específicas em 10 áreas distintas, entre elas tecnologia da informação, suprimentos, comunicação e recursos humanos. “O gestor tem que saber gerir pessoas. Fazer com que o talento e o propósito dessa pessoa sejam agregados ao propósito da empresa e, assim conseguir que o talento dessa pessoa faça diferença nos processos da companhia”, avalia.

Para os especialistas, são muitos os fatores que levam as empresas a optarem por promover profissionais com pouca vivência de mercado para cargos de chefia, mas a qualificação aparece no topo da lista. Isso porque as empresas têm necessidade de reter talentos em uma época escassa de mão de obra qualificada. “Há cada vez mais lugar para pessoas altamente qualificadas, e cada vez menos para quem não tem nenhuma ou pouca qualificação”, aponta o especialista em recursos humanos e liderança Valdenir da Silva Pontes.

A psicóloga Fátima Rosely Schette, que focou suas pesquisas de mestrado e doutorado em liderança corporativa, afirma que é justamente o fato de os jovens investirem desde cedo em conhecimento e , qualificação profissional que tem lhes proporcionado ascensão mais rápida na carreira. “Às vezes, alguém que começa como trainee, em dois anos já está ocupando um cargo de gestão na empresa. Antigamente, isso poderia levar 20 anos”, exemplifica.



A analista de sistemas Silvana Ribeiro dos Santos Souza sabe bem como é começar de baixo e chegar ao topo. Ainda na faculdade, começou a trabalhar na IBM como estagiária, sendo efetivada três meses depois. Chegou a deixar a empresa por um período, mas foi convidada a voltar em 2005 para assumir uma vaga na gerência de projetos. Depois de muitos cursos de qualificação e conseqüentes promoções, Silvana é executiva de projetos com certificação PMP (Project Management Professional), que atesta profundos conhecimentos nas boas práticas de gerenciamento de projetos, responsabilidade social e ética. “Acredito que minha disponibilidade em ouvir as pessoas e minha maneira franca de dar feedbacks, seja elogios ou puxões de orelha, contribuíram para que as pessoas confiassem em mim a empresa me desse carta branca para gerir os projetos pelos quais passei.”

Não é apenas a idade dos chefes que está diferente, lembra a professora Fátima. O perfil também mudou. Dinamismo, pro atividade e capacidade de tomar decisões sob pressão já não são as únicas habilidades essenciais exigidas dos gestores. “O líder de hoje precisa saber negociar, ouvir as pessoas, ser flexível, dosar o autoritarismo, além de ter bastante traquejo social”, argumenta. “Quando você está diante de uma pessoa como essa, que junta a isso sua capacidade de ação, de realização, ninguém segura. Aí é topo mesmo”, completa o professor Pontes, que é especialista em liderança e gestão de pessoas.

Engana-se, porém, quem pensa que basta aliar conhecimento a todas as características subjetivas acima para alcançar o topo rapidamente. “É importante experimentar desde cedo práticas operacionais indo para o chão de fábrica ou chão de loja como eu costumo dizer. Tem que ir para o jogo”, aconselha Pontes. Para ele, os estágios e toda atividade extraclasse são excelentes possibilidades de vivência prática.



Foi nessa vivência prática que o controller Jefferson Barbosa, 34 anos, apostou enquanto fazia faculdade de Ciências Contábeis. Durante a graduação, participou desde grupos de estudos e até do centro acadêmico, se envolvendo em negociações que o colocava frente a frente com diretores do curso e até com a Reitoria da Universidade. “Tudo isso possibilitou que no mercado de trabalho eu tivesse segurança de negociar com clientes, diretores e até presidentes de empresas multinacionais”, considera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário